A PF está a um passo de ser desacreditada juntamente com o pior presidente da República que o país já teve.
O sucesso desse governo avesso às instituições se mede pela destruição do Estado Democráticos e de Direitos. Em um jantar em Whashington, 17 de março de 2019, ao lado de Olavo de Carvalho, Paulo Guedes (e outros seis ministros) de Steve Bannon, Bolsonaro explicou a que veio:
“O Brasil não é um terreno aberto onde nós pretendemos construir coisas para o nosso povo. Nós temos é que desconstruir muita coisa. Desfazer muita coisa. Para depois nós começarmos a fazer. Que eu sirva para que, pelo menos, eu possa ser um ponto de inflexão, já estou muito feliz”, afirmou.
O compromisso foi feito a conservadores norte-americanos. A deselite aprovou o projeto de um país sem controle para a exploração dos recursos pelo consórcio de ricos estrangeiros, mas com um policiamente ostensivo sobre os pobres. O OBJETIVO É destruir avançadas instituições estatais como Funai, INCRA, IBGE, INPE, UNIVERSIDADES FEDERAIS; intensificar uma propaganda dos costumes conservadores, com a mitigação do pensamento crítico com o abandono do investimento em educação pública, restringindo o acesso dos pobres ao ensino superior gratuito Quanto mais depredação dos órgãos de controle da sociedade se torna mais fácil vender o patrimônio de todos para o deleite de poucos. Darcy Ribeiro escreveu sobre como a deselite se enriquece vendendo o que não lhe pertence.
A missão prometida de destruir o Estado brasileiro está em curso e tem várias frentes: desmonte dos direitos trabalhistas, restrição dos direitos à saúde e educação, fragilização do processo eleitoral e, para que a resistência seja enfrequecida, compra do Congresso Nacional ( 20 bilhões em emendas parlamentares (que saem pelo orçamento público (SIC) secreto), ataques ao STF. E a militarização de grupos urbanos e em regiões extrativistas.
É tão fácil entender que o governo Bolsonaro faz um trabalho de contenção para que o patrimônio nacional vire o lucro de poucos “investidores”. Essa exploração rápida – com quem rouba – tem motivação na ganância dos super-ricos, óbvio, mas, também, para atender a uma demanda crescente por commodities (antes da crise capitalista que se avizinha).
A facilitação do uso de armas está nessa estratégia de ocupação de territórios. A obra República da Milícia do jornalista Bruno Paes Manso é reveladora de como a associação de paramilitares – que agem a margem do Estado democrático e de Direitos – com políticos fluminenses (que ora nacionais) transformou o Rio de Janeiro num estado permanente de confrontos urbanos, inclusive como auxiliar das forças militares institucionalizadas. A troca de comandos da Polícia, do Ministério Público e a seleção de juízes dificultam quaisquer avanços em torno do resgate da culpabilidade dos responsáveis de crimes hediondos e de motivação política, como a morte da vereador Marielle e do motorista Anderson. A mídia esquizofrênica, entre a vontade do dono do veículo de comunicação e as notas oficiais de comprometidas instituições policiais, não consegue cumprir seu dever de jogar luz aos eventos factuais para a opinião pública. A mídia tornou-se porta-voz das notas oficiais.
A nacionalização da Milícia
O que ora se vê diante da rapidez da Polícia Federal, em concluir não há possíveis mandantes dos crimes contra Bruno Pereira e Dom Phillips (mortos com munição de caça numa emboscada), é apenas um elemento do roteiro de abafar o processo de responsabilização e de estancar as investigações antes que elas cheguem ao esquema de exploração em terras indígenas. Assim como no Rio de Janeiro, as investigações vão custar a avançar.
Bolsonaro permitiu que exploradores dos recursos naturais se estabelecessem em terras indígenas e que se armassem como milicianos -o que levou a formação consórcio com todos os tipos de crimes na região – do garimpo ilegal ao narcotráfico.
Para entender que as mortes de Dom e Bruno não foram casuais basta ler as declarações abaixo.
“Pena que a cavalaria brasileira não tenha sido tão eficiente quanto a americana, que exterminou os índios.” Correio Braziliense, 12/04/1998
“Os índios não falam nossa língua, não têm dinheiro, não têm cultura. São povos nativos. Como eles conseguem ter 13% do território nacional?” Campo Grande News, 22/04/2015
“[Reservas indígenas] sufocam o agronegócio. No Brasil não se consegue diminuir um metro quadrado de terra indígena.” Campo Grande News, 22/04/2015
“Não tem terra indígena onde não têm minerais. Ouro, estanho e magnésio estão nessas terras, especialmente na Amazônia, a área mais rica do mundo. Não entro nessa balela de defender terra pra índio.” Campo Grande News, 22/04/2015
“Em 2019 vamos desmarcar a Raposa Serra do Sol. Vamos dar fuzil e armas a todos os fazendeiros.” Congresso Nacional, publicado em 21/01/2016
“Essa política unilateral de demarcar a terra indígena por parte do Executivo vai deixar de existir, a reserva que eu puder diminuir o tamanho dela eu farei isso aí. É uma briga muito grande que você vai brigar com a ONU.” Correio do Estado, 10/06/2016 (vídeo)
“Eu já briguei com o Jarbas Passarinho [ex-Ministro da Justiça] aqui dentro. Briguei em um crime de lesa-Pátria que ele cometeu ao demarcar a reserva Ianomâmi. Criminoso.” Entrevista com Marcelo Godoy, 02/04/2017
“Pode ter certeza que se eu chegar lá (Presidência da República) não vai ter dinheiro pra ONG. Se depender de mim, todo cidadão vai ter uma arma de fogo dentro de casa. Não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou para quilombola.” Estadão, 03/04/2017
“Se eleito eu vou dar uma foiçada na Funai, mas uma foiçada no pescoço. Não tem outro caminho. Não serve mais.” Espírito Santo, 01/08/2018, site Indigenistas Associados
“Se eu assumir [a Presidência do Brasil] não terá mais um centímetro para terra indígena.” Dourados (MS), 08/02/2018