Ah, e o Anderson Torres, hein?
Vocês leram a nota divulgada em que se defende da conspiração contra a democracia?
Ali, nas poucas linhas, há inúmeras confissões de culpa. Pressionado, com certeza, Torres irá entregar os cabeças. É um forte candidato a fazer delação premiada.
Primeiro a íntegra da nota:
“No cargo de Ministro da Justiça, nos deparamos com audiências, sugestões e propostas dos mais diversos tipos. Cabe a quem ocupa tal posição, o discernimento de entender o que efetivamente contribui para o Brasil.
Havia em minha casa uma pilha de documentos para descarte, onde muito provavelmente o material descrito na reportagem foi encontrado.
Tudo seria levado para ser triturado oportunamente no MJSP. O citado documento foi apanhado quando eu não estava lá e vazado fora de contexto, ajudando a alimentar narrativas falaciosas contra mim.
Fomos o primeiro ministério a entregar os relatórios de gestão para a transição. Respeito a democracia brasileira. Tenho minha consciência tranquila quanto à minha atuação como ministro.”
Agora vamos à análise do discurso:
“No cargo de Ministro da Justiça, nos deparamos com audiências, sugestões e propostas dos mais diversos tipos.
Meu Deus!!! Que premissa falsa! Em todas as funções públicas e até privativas “nos deparamos com audiências, sugestões e propostas dos mais diversos tipos’. Faz parte das atividades humanas. Até dentro da Papuda – que o aguarda – se depara com audiências, sugestões e propostas.
Cabe a quem ocupa tal posição, o discernimento de entender o que efetivamente contribui para o Brasil.
Que falácia básica incrível!!
Cabe a Torres ter o discernimento de “entender o que contribui para o Brasil” por que “se depara com propostas de diversos tipos”.
O silogismo pobre esconde a confissão de que recebeu em audiência sugestão de um decreto presidencial de instaurar um estado de defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral para mudar o resultado das eleições de 2022.
Em qual encontro surgiu a proposta de providenciar um golpe? Em que dia, com quem e a mando de quem?
Havia em minha casa uma pilha de documentos para descarte, onde muito provavelmente o material descrito na reportagem foi encontrado.
O então ministro da Justiça CONFESSA QUE levava documentos, minutas e instruções para casa, fora do gabinete. Com qual intenção? Para esconder ilicitudes e crimes? Tinha reuniões secretas, fora da agenda, em casa?
Tudo seria levado para ser triturado oportunamente no MJSP.
Aqui piora bem a situação de Torres. O documento com a minuta de um decreto presidencial golpista “seria levado para ser triturado OPORTUNAMENTE no Ministério da Justiça e Segurança Pública?” Veja, caro leitor, que ele não disse que entregaria a minuta para a PGR, nem para outra autoridade constituída. Confessa que OPORTUNAMENTE iria triturar a prova do projeto golpista. Cabe aí uma prisão preventiva, certamente.
O citado documento foi apanhado quando eu não estava lá e vazado fora de contexto, ajudando a alimentar narrativas falaciosas contra mim.
Aqui Torres não só confirma a existência do documento golpista como, também, considera que o desenho do golpe foi “vazado” na ausência dele. Ora, se foi “vazado” é porque estava coberto de sigilo e que se Torres estivesse lá, o documento apanhado não ajudaria “a alimentar narrativas falaciosas”. Ou seja, aqui, Torres dá a entender que se estivesse em casa, o documento apreendido pela polícia, ganharia outro contexto. Certamente, Torres iria tentar dar uma explicação ao inexplicável.
Por fim, como todo criminoso faz, Anderson se coloca como vítima na situação com a famosa expressão “narrativas falaciosas contra mim.”