A pequena inflexão histórica fora da curva que levou o povo ao conhecimento universitário foi desmontada a serviço da deselite brasileira que tem, ela própria, fé em crendices ordinárias e manipuladoras da opinião pública.
Os vis chegaram à maximização da ignorância. A estultice mais proeminente que norteia o pensamento canônico da deselite brasileira é a de que a responsabilidade pela crise do Brasil é a “cultura marxista”. O binômio esconde um saco de bobagem e uma malandragem: dá prerrogativa aos estúpidos de carimbar como ̃cultura marxista” todo o conhecimento que permite avançar nas ferramentas de interpretação das relações sociais. Seria como proibir que analisássemos as pesquisas sociais ou o censo do IBGE (que por sinal foi abandonado por ordem de Paulo Guedes e equipe). A bobagem levada a cabo interditou o ministério da Educação, interveio nas Universidades e ameaça o conhecimento acumulado e as pesquisas nas áreas de Filosofia, HIstória, Ciências Humanas e Sociais; durante a pandemia alcançou as instituições públicas de Saúde, afetou o controle de endemias das Vigilâncias Sanitárias, suprimiu o ministério do Trabalho, esganou os movimentos de organização sindical dos trabalhadores, retirando direitos e ameaçando outros ganhos do trabalho.
O vilipêndio foi “vendido” à opinião pública como a solução da ” lavoura”; do aumento da produtividade, da expansão do trabalho. O que é uma contradição em termos: como pessoas ignorantes, podem a longo prazo trazer progresso sustentável, a não ser servir como mão de obra barata no curto prazo? Aumentando diferenças socioeconômicas – raiz dos problemas brasileiros, apontada em todas as publicações mundiais da área de Ciências Humanas ( inclusive pelo Banco Mundial, FMI, ONU etc).
A segunda bobagem da deselite é o mito do Déficit Fiscal
Sim, o déficit fiscal gera incertezas a longo prazo que são expressas na alta presente das taxas de juros futuros. Contudo, não se governa em função da provisão de arrecadação para pagar títulos. Sem aumentar a receita, temos uma situação fadada ao fracasso. A agenda das reformas é um projeto malfadado. Não basta cortar recursos para garantir emissão de títulos públicos, nem sequer vender bens que geram receita ao Tesouro. É preciso ter uma estratégia de crescimento econômico. Quantas décadas irão durar a venda de commodities? Qual sustentabilidade financeira existe nesse projeto? Não existe nenhum país que não tenha se tornado miserável apenas explorando recursos primários. A riqueza vem do valor agregado de produtos complexos advindos do conhecimento. A predação de recursos primários apenas mantém desnecessária a aplicação do conhecimento tecnológico e científico de ponta. A longo prazo formará trabalhadores com baixo nível de escolaridade, de manejo de veículos, máquinas, segurança, garimpeiros; todos desprovidos de conhecimentos complexos.
A terceira bobagem é o mito da presença do Estado na economia
A social-democracia brasileira nunca foi tão abandonada. O embalo da Constituição parida em 1988 sobrou para a esquerda que a considerava muito atrasada na época. Hoje, a deselite quer fazer sucumbir todas as guarnições sociais pactuadas entre as classes sociais à época. Estimulada por extremistas externos, a deselite brasileira acredita que os direitos sociais são por demais custosos e gostariam de deixar desabrigados da proteção do Estado os brasileiros com direito a Saúde e Educação. Essa contradição entre o que deve ou não ser despesa do orçamento brasileiro ainda irá se tornar aguda. Por ora, usam a bandeira do combate à Corrupção para desqualificar os gastos com direitos constitucionais. Como se a iniciativa privada não tivesse, ela mesma, atuando para sugar ilimitadamente os recursos do estado. Dentro do contexto de tornar o Brasil atraente para investidores estrangeiros, pretende-se oferecer tudo na bacia das almas. Além da farsa intelectual de que os brasileiros não poderiam per se tornar rentáveis oportunidades de negócios, opera-se para facilitar a entrada de especuladores. Os comissionados da deselite brasileira estão entre os guardiões dos investimentos externos”. São consultores, economistas, generais e toda corte da plutocracia que, por gerações, vive do enriquecimento da venda de boas oportunidades de exploração no Brasil, seja de recursos naturais, seja de mão de obra. Quanto menos operadores estiverem no negócio, melhor os ganhos. A ignorância (da opinião pública) sobre ganhos futuros é condição sine qua non para a maximização dos lucros.
É como a recente Lei das águas. Oferecida para a mídia como a solução para resolver a falta de esgotamento sanitário, na verdade, o negócio tem como garantia, a receita tarifária futura dos consumidores. Em outras palavras, as contas d’água nos próximos anos serão acrescidas do lucro e dos pretensos investimentos. Já se as metas serão cumpridas, ou não, basta observar o que acontece em outros setores como comunicação e elétrico.
A história se repete
De tudo que se depreende dos acontecimentos, há uma certeza: a história se repete. Não há como enganar a todos o tempo todo. A pandemia tem desmascarado os esforços da deselite para manter a opinião pública na ignorância e dominada pelo patético e prejudicial efeito de recomendações de tratamento precoce contra um agente viral. É verdade que muita gente caiu no conto da ivermectina e da cloroquina, mas todos que pegam gripe sabem que contra os vírus só existe uma receita: a imunização. Charlatães, e outros negacionistas vão lidar com sua biografia infectada pela idiotice.